Bárbara Corrêa

O divórcio precisa ser uma guerra?

Em outros posts já falei algumas vezes que “o seu divórcio não precisa ser uma guerra”, agora quero te explicar o porquê eu falo e penso dessa forma.

Afinal, divórcio litigioso sem briga!? Existe?

Quando me refiro sobre a possibilidade de fazer o divórcio sem brigas e discussões, não me refiro tão somente a possibilidade de realizar o divórcio de forma consensual, embora essa seja uma forma muito eficaz de evitar as discussões, porém me refiro também ao próprio divórcio litigioso.

Muitos acreditam que divórcio litigioso seja sinônimo de brigas e discussões, porém nem sempre é assim.

Em diversas vezes o casal busca a alternativa litigiosa simplesmente porque não estão de acordo apenas com alguma questão do seu divórcio, mas ao invés de ficarem se desgastando em uma discussão que pode perdurar por muito tempo, optam por deixar a decisão na mão do Juiz.

Ele analisa a situação (todas as provas produzidas pelas partes) e toma uma decisão sobre a questão específica em que há discórdia ou, simplesmente, dúvidas, como por exemplo, como se dará a partilha daquela dívida em que um acredita ter sido feita apenas para proveito particular e o outro acredita que foi feita para proveito do casal.

Assim, muitas vezes não existe uma briga entre o casal, mas apenas não há acordo, razão pela qual preferem que um Juiz defina o que é certo ou errado!

Essa ausência de discussão no processo de divórcio está intimamente ligada a ideia de divórcio humanizado, mas o que de fato significa isso?

DIVÓRCIO HUMANIZADO

Vivenciar um divórcio é uma situação muito desgastante emocionalmente e, até mesmo, fisicamente, e por envolver muitas mudanças não planejadas no seu dia-a-dia, essa situação pode te deixar meio perdido, confuso, até mesmo indeciso, afinal, não nos preparamos para o divórcio, não é mesmo?

Mas independente disso tudo, o divórcio pode sim ser mais calmo e pacífico, sem brigas e discussões intermináveis, pois é preciso entender que na outra ponta existe um ser humano que está lidando com os mesmos problemas que os seus, então basta que o casal esteja aberto a essa possibilidade e assim, teremos um divórcio mais humanizado!

Assim, aplicando-se o conceito de divórcio humanizado, deixa-se de priorizar apenas as questões patrimoniais, que na grande maioria dos casos são os objetos de briga, e passa-se a dar prioridade também ao ser humano envolvido. Por isso o divórcio humanizado.

Abaixo relaciono algumas ações que podem auxiliar para tornar o divórcio mais humanizado.

Esteja aberto ao diálogo, sempre!

O primeiro caminho na hora que se opta pela separação é não ver ela como uma guerra, uma disputa de egos ou como uma batalha em que um terá que sair como vencedor e o outro sair como perdedor, machucado e humilhado.

Desarme-se para as possibilidades de acordo, ou na sua inviabilidade, para o litígio pacificado, calmo, e esteja aberto ao diálogo, sempre!

Na minha trajetória, aprendi que para se realizar um acordo não é necessário que cada um tenha que perder um pouco, mas ao contrário, um bom acordo é quando todos ganham com ele.   

As vantagens de estar aberto ao diálogo são inúmeras, mas, principalmente, posso dizer que o processo se torna mais rápido, mais barato e menos estressante.

Então esteja disponível ao diálogo, analise as opções e busque uma boa orientação de um especialista em direito de família para lhe auxiliar!

Busque uma orientação especializada na área.

A atuação de um profissional especialista na área é de extrema importância, pois o direito é amplo, sendo praticamente impossível que um profissional seja um perito em todas as áreas, dominando a lei e o entendimento do nosso Judiciário em qualquer ramo.

Contudo, não falo apenas de aspectos técnicos da lei e o conhecimento das decisões do Judiciário neste caso, mas, também, refiro-me as habilidades em lidar com as questões envolvidas em um divórcio, ou seja, além da perícia técnica, refiro-me a empatia, o acolhimento e aos cuidados que o cliente precisa neste momento.   

Importante ressaltar que, na hora da busca do profissional que irá lhe ajudar, você deve ficar atento para ver se ele está alinhado com suas intenções e convicções!

É que muitos profissionais ainda estão enraizados na prática da advocacia de litígio, das intermináveis brigas em busca de resultados, esquecendo-se de que pode ser mais importante para você a tentativa de minimizar ao máximo os traumas da dissolução do casamento, tanto para você, quanto para seus filhos, do que ter uma sentença totalmente favorável, porém traumática.

Assim, é extremamente importante para tornar um divórcio mais humanizado que o profissional escolhido para lhe ajudar esteja alinhado com suas expectativas, disposto e preocupado em lhe ajudar a pensar não somente com relação a questões técnicas jurídicas, mas também sobre os efeitos do processo após o seu encerramento, principalmente com relação aos filhos menores.

Busque um amparo psicológico

Além de um profissional da área do direito de família, pode ser muito importante a busca por um profissional da área da psicologia.

É que os efeitos do pós divórcio podem gerar consequências futuras na vida dos filhos, porém, de acordo com um artigo intitulado “Divórcio e Vivência dos Filhos”, o que desestabiliza emocionalmente os filhos não é o divórcio propriamente, mas como ele é gerido e vivido, assim como o humor, a atenção e as condições do pai ou da mãe que ficará com a guarda, pois estes irão influenciar o humor dos filhos.  

Ainda, além dos efeitos nos filhos, tem-se os efeitos no casal, pois, de acordo com Paul James Bohannan, autor que discorre sobre seis processos paralelos do divórcio, existe um processo denominado divórcio psicológico, que estaria ligado ao impacto do divórcio sobre a autonomia da pessoa e de reconstrução da sua identidade (quem eu sou agora), uma vez que o divórcio conduz à separação da influência e poder do cônjuge.

Assim o divórcio humanizado é quando se busca diminuir ao máximo o impacto da decisão da extinção do vínculo matrimonial na vida dos envolvidos, ao passo que busca diminuir os conflitos e minimizar o estresse através de condutas mais pacificas, para que seja, inclusive, mais rápido, barato e eficaz.

Com tudo que foi tratado neste post, podemos refletir sobre o conceito de divórcio humanizado, e a possibilidade de nos abrirmos a esta ideia, pois não fazer do divórcio uma batalha de guerra, na minha opinião, é o caminho mais sábio a trilhar.

Espero que possa ter contribuído e lhe ajudado nesse momento de decisão! 

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Está preparado(a) para encontrar uma solução para essa etapa da sua vida?